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A vida após o crack: depois de nove meses de tratamento, homem deixa casa de reabilitação

Zero Hora acompanhou o dia em que Rodrigo, 34 anos, recebe alta da Fazenda do Senhor Jesus, no interior de Viamão

Zero Hora acompanha o dia em que Rodrigo de Souza Barros, 34 anos, recebe alta da Fazenda do Senhor Jesus, no interior de Viamão, depois de nove meses de tratamento para a dependência de crack.

As despedidas foram na véspera, com abraços e cantoria. Agora ninguém se detém nos acenos e desejos de um futuro bom. Tudo e mais um pouco já foi dito em nove meses de tratamento. O interno que puxa a oração do grupo no café da manhã, citando a Bíblia, menciona um “período de tranquilidade”. Parece um presságio otimista.

— Volta aí pra fazer um churrasco pra nós, né? — grita um.

— Só aparece se for com quatro quilos de costela — emenda outro.

— Quero te ver bom lá na rua!

Às 7h40min da última quinta-feira, grossa de cerração, Rodrigo de Souza Barros, 34 anos, dependente químico desde os 15 e limpo há 11 meses, deixa a Fazenda do Senhor Jesus, administrada pela Pastoral de Auxílio ao Toxicômano (Pacto – POA), na Lomba Verde, interior de Viamão. Enquanto os colegas tomam o caminho da lida com porcos e vacas, da horta, dos panelões na cozinha, o ex-garçom busca o portão. Chegou o dia de voltar para casa.

— Álcool aos 15, maconha aos 16, cocaína aos 17, pedra aos 25. Eu prometi: não vou mais levar sofrimento para a minha família.

O quase nada que sobrou da vida atormentada pelo crack e o pouco que juntou no último ano cabem em uma mochila e em duas pequenas malas de mão. A melhor roupa, ele veste – além da camiseta presenteada pela mãe, com a inscrição “Sou feliz de cara” (sem drogas), um casaco emprestado do melhor amigo de internato, para se aprumar para as fotos. O restante do simplório guarda-roupa estufa as sacolas junto de uma Bíblia, tocos de sabão, um terço, uma cuia, cartas, uma colorida pena de arara como lembrança da vida no campo.

— Sinto uma felicidade enorme por estar concluindo alguma coisa na minha vida — diz Rodrigo, que não foi além da 7ª série nem permaneceu por mais de seis meses em qualquer emprego.

O homem velho, o homem novo

Deixar a fazenda a pé e sem companhia faz parte da terapia – é preciso reaprender a andar sozinho. Rodrigo percorre um quilômetro de uma judiada estrada de chão cantarolando baixinho. A trilha sonora do mais sóbrio de seus dias de adulto fala em celebrar a vitória. Seu discurso é pontuado por menções a Deus e a Jesus Cristo, além de salmos, trechos de livros de autoajuda e os 12 passos que norteiam a recuperação dos alcoólicos anônimos, aplicados também na comunidade terapêutica que acaba de deixar. Sabe tudo de cor. Não era apegado a religião antes de chegar ali, depois transmutou-se em um fiel ardoroso. Precisava se agarrar a alguma coisa.

— São Paulo disse: “Quanto menor eu me fizer, maior eu sou”. Vou manter meus dois pés atrás, sempre desconfiando de mim. Um dependente químico não pode ser autoconfiante.

Rodrigo fala de si mesmo como se fossem dois: “o meu homem velho” e “o meu homem novo”. No período que separa um do outro, calcula ter visto entre 45 e 50 pessoas abandonando o tratamento. Pensou em desistir uma vez – atrasado no retorno da segunda visita de sete dias que fez à família, em Porto Alegre, foi punido. A terceira saída, no mês seguinte, estava automaticamente cancelada. Passou a tarde remoendo a raiva, mas o anoitecer lhe devolveu a calma.

— Meu homem novo me convenceu a ficar — garante.

Orações afastam maus pensamentos

Pouco perturba a calmaria da hora e meia de espera pelo ônibus. De vez em quando um caminhão levantando poeira, uma carroça, um cusco gritão. É com R$ 15 no bolso que Rodrigo recomeça. Não precisaria nem da metade, não quer mais saber de gastança – R$ 3,45 para a passagem, mais um pila de balas que vai pegar em um boteco depois de desembarcar.

Outra hora e meia sacolejando, mas o desconforto da viagem não atrapalha os pensamentos. Garante que não sente medo ou vontade de fumar crack. Arrisca uma estimativa: três vezes por semana, o prazer que sentia com o primeiro pega em uma pedra, o “pancadão”, lhe atravessa as ideias. Corre a rezar, conversar com alguém, cantar um hino de louvor.

— Minha lata de lixo é horrível. Mas eu quero continuar carregando ela no pescoço para ficar sentindo o cheiro.

Culpa pela relação desfeita

O pensamento mais insistente é outro. Culpa-se pelo casamento desfeito. O vício arruinou o relacionamento de 10 anos e a casa inteira. Rodrigo sabe quanto pagou por cada objeto na loja e quanto recebeu ao revendê-los por trocados ou empenhá-los na boca de fumo. A ex-mulher ensaiou o fim mais de uma vez, mas sempre acabava voltando depois de uns dias fora e de repetidas promessas de recuperação.

Do dia em que empacotou tudo definitivamente, o marido só lembra de entrar no banheiro de manhã cedo e de sair, à tarde, 30 pedras depois, quando ela já não estava mais lá. Não recorda direito quando foi, talvez em fevereiro do ano passado. Anda ruim de memória, se perde nas conversas. Ainda suspira:

— Sou apaixonado de doer, mas tento mandar o pensamento adiante.

A campainha toca, começa a correria

Às 11h30min, está na Avenida João Pessoa, na Capital. Cumprirá o restante do trajeto a pé. Enquanto Rodrigo enumera o que o faria mais feliz nesse dia – um abraço apertado na sobrinha e afilhada, Maria Eduarda, três anos, refrigerante e brigadeirão –, a pensionista Guacira Jussara de Souza Barros, 56 anos, está em casa, às voltas com um leitão no forno, conquistado em um sorteio e distribuído em três formas de alumínio.

O filho precisa apertar três vezes a campainha da casa na Rua Alcides Cruz, bairro Santa Cecília. Desconfiado da demora, ele não sabe que lá dentro tem início um pequeno furdunço. Jussara se apressa a lavar as mãos sujas do tempero da carne. Tatiana, a irmã, 27 anos, repete aos gritos que o mano chegou, assustando a filha, que ensaia um resmungo pela algaravia incompreensível. Gabriel, o irmão, 24 anos, roendo as unhas, se adianta e depois recua:

— Tu abre a porta, mãe.

Leitão no forno, refri e brigadeirão

Jussara aparece vestindo uma camiseta igual à do filho. Precisa abrir o cadeado e tirar a corrente do portão, e talvez nessa hora tenha se lembrado do passado ingrato que a obrigou a acorrentar o filho maltrapilho três vezes e a ter vontade de matá-lo. Abre os braços para as boas-vindas e já está chorando antes de acomodar-se no ombro dele. A primeira pergunta não poderia ser mais trivial, mas parece também a única possível:

— Como é que tu está, meu filho?

Seguem-se outras tantas: já está com saudade da fazenda? Não sente calor com esse casacão? O coração está batendo mais forte? Como foi a despedida? Em minutos, parece que a casa não conheceu outra coisa senão paz. Rodrigo se integra imediatamente à rotina, dá carne picadinha à sobrinha, verifica se o leitão já está no ponto. Fazem um brinde com café enquanto o almoço não está pronto. Surpresa: tem refri e o doce de chocolate tão esperado.

O paciente agora será monitor

Os nove meses de internação carregam um simbolismo evidente: após a gestação, o dependente renasce. Jussara quer reaprender a confiar no filho, acredita que ele está curado. Rodrigo começa um estágio na sede da Pacto, no centro de Porto Alegre, na terça-feira. Está passando para o outro lado, será auxiliar de monitor, cobrará dos outros a disciplina que teve de manter. Quer completar o Ensino Médio, talvez fazer um curso técnico de enfermagem. É preciso continuar comparecendo a reuniões, tomando remédios, indo à missa.

Alguém toca a campainha. Ele interrompe o chimarrão e levanta do sofá para atender. Maria Eduarda, que já temeu o padrinho em outros tempos e agora exige atenção constante, se sobressalta:

— Tu vai embora, dindo?

Rodrigo segura o passo ligeiro e se volta à menina que brinca no chão:

— Eu nunca mais vou desgrudar de ti.
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Ação do Denarc detecta o avanço do crack nas escolas

Operação em 35 colégios da Região Metropolitana fez apreensão 12 vezes maior do entorpecente


Com uma bola de vôlei embaixo do braço, um homem circula sem preocupação entre estudantes próximo a uma escola. A cena passaria desapercebida se dentro da esfera de couro não houvesse crack escondido por um traficante preso pela Polícia Civil durante a Operação Escola 2010, realizada no mês de abril em 35 instituições da Capital e outros municípios da Região Metropolitana.

Além de desbaratar os métodos mais surpreendentes dos criminosos para vender as drogas, a ofensiva do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), divulgada ontem, revelou que o crack começa a estender seus tentáculos para as salas de aula. A quantidade apreendida foi 12 vezes maior do que em 2009. O preço baixo e a facilidade de compra atraem os jovens.

Para o delegado Luis Fernando Martins Oliveira, diretor da divisão de investigação do Denarc, o aumento também se deve à descoberta pelo policiais dos locais onde as drogas eram armazenados.

"Os pais vão ter que assumir os seus filhos", diz médico voluntário da Associação Brasil sem Grades

O médico Jacó Zylbersztejn, um dos líderes da ONG Brasil Sem Grades, entidade gaúcha que defende o combate ao tráfico como forma de acabar com a violência no país, não se surpreendeu com o resultado da operação da Polícia Civil. Para ele, os traficantes estão ganhando a guerra. Ele convoca os pais para que entrem na luta para deter o avanço da droga nas escolas.

Zero Hora – O que o senhor acha do resultado da operação, especialmente com relação à apreensão de crack?

Jacó Zylbersztejn –
É uma derrota para a família brasileira. O consumo de crack representa o aumento da violência. Se as autoridades não tomarem uma providência o mais rápido possível, a situação ficará ainda mais calamitosa. O custo será muito alto para nós.

ZH – A operação atestou que os traficantes estão por todos os lados, rondam as escolas. Como combater isso?

Zylbersztejn –
Isso vai depender dos pais. Os pais vão ter de assumir os seus filhos. Colocaram no mundo, tem que cuidar. Tem de levar e buscar no colégio, tem de saber com quem andam, com quem conversam, o que fazem.

ZH – A quantidade de dinheiro apreendido reforça a tese que o usuário é fomentador do tráfico. O senhor concorda?

Zylbersztejn –
Com certeza. O usuário é a razão de tudo. É a lei de oferta e procura. Eu li que os Estados Unidos reclamaram dias atrás do México pelo aumento do contrabando de drogas pela fronteira. Os mexicanos responderam que era só eles pararem de comprar que o problema acabava. E estão certos. Os pais têm de trabalhar seus filhos para que não consumam. No momento que acabou o consumo, acabou o trabalho dos traficantes.

– Neste ano, conseguimos não só pegar aquele traficante da esquina, que normalmente não tem grande quantidade, mas também avançamos para achar os pontos onde eles escondem o material – afirma.

Os traficantes não atuam na porta das escolas, mas em locais do entorno, como bares, praça e lan houses, atraindo os jovens para a sua teia. Para chegar aos criminosos, os mais de 30 agentes tiveram de se passar por dependentes. Usaram disfarces para ludibriar os criminosos. Circulavam com bermudas, chinelos e até andavam de bicicleta e skate.

– Prendemos muita gente desta forma. Fazia que estava interessado em comprar e quando ele vinha com a droga a gente prendia – apontou.

A quantidade de dinheiro apreendido também surpreendeu o delegado. Em 2009, a operação achou com os criminosos R$ 2 mil. Neste ano, foram R$ 22 mil.

– Com mais droga circulando, mais dinheiro com o traficante. Isso reforça a nossa tese de que o usuário é o grande fomentador do tráfico e da violência – lamenta o delegado.

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Pesquisa liga crack a 72,5% dos moradores de rua de Porto Alegre

Estudo mostra que 39% dos jovens e adolescentes em situação de risco na Capital usam a droga por 20 ou mais dias ao mês



Drogas pesadas, sexo sem camisinha e assaltos estão incorporados ao dia a dia dos jovens e adolescentes que perambulam pelas ruas das grandes cidades gaúchas. Muito mais até do que se supõe no pior pesadelo.

Pesquisa realizada ao longo de dois anos com 204 jovens que passam a maior parte do tempo nas avenidas de Porto Alegre e 103 nas de Rio Grande mostra que praticamente todos já consumiram bebida alcoólica. Na Capital, 72% provaram crack e 39% fazem uso diário ou quase diário (mais de 20 dias) da droga.

A pesquisa foi coordenada pelo doutor em psicologia Lucas Neiva-Silva, com participação da ONG Centro de Estudos de DST-Aids do Rio Grande do Sul e do Centro de Estudos Psicológicos de Meninos e Meninas em Situação de Rua vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e à Universidade Federal do Rio Grande (Furg). O estudo tem apoio do Ministério da Saúde.

Os dados foram revelados ontem, em palestra de Neiva-Silva em seminário do Fórum Metropolitano de Situação de Rua, integrado por representantes de prefeituras da Grande Porto Alegre. A pesquisa foi baseada em entrevistas feitas com adolescentes de rua entre 20 de dezembro de 2007 e 31 de dezembro de 2009. A média dos entrevistados é de 17 anos em Porto Alegre e 14 anos em Rio Grande. Mais de 80% dos pesquisados são do sexo masculino.

Com drogas, mais assaltos e promiscuidade nas relações

As revelações que surgem do questionário são mais alarmantes que o esperado, admite o coordenador da pesquisa. As piores estão relacionadas ao crack. Dos porto-alegrenses entrevistados e que usaram crack, 58,8% se tornaram usuários diários. Só 29,8% conseguiram interromper o hábito, mesmo que temporariamente.

O uso de drogas agravou a situação de adolescentes que já costumam estar em risco. Dos porto-alegrenses entrevistados, 43,6% admitiram ter assaltado após consumir drogas E 39% tiveram relação sexual sem camisinha. Ainda em Porto Alegre, 27% fizeram sexo por dinheiro – e, desses, 89,1% usaram crack.

Família faz a diferença

Além do crack, há problemas relacionados a outras drogas. Dos moradores de rua entrevistados, admitiram ter experimentado maconha 80,9% dos que circulam por Porto Alegre e 37,9% dos que vivem em Rio Grande. O consumo diário de cigarros foi admitido por 70,6% dos porto-alegrenses. Entre os riograndinos, 94,2% disseram ter consumido álcool.

Chama a atenção que problemas relacionados à droga ou ao descuido nos atos sexuais são muito maiores nos adolescentes pesquisados na Capital do que nos de Rio Grande. Em Porto Alegre, apenas 27,1% moram com a família – embora passem o dia nas ruas – 97,1% dos entrevistados em Rio Grande.

– Convívio com a família faz a diferença. Para melhor – diz Neiva-Silva, coordenador da pesquisa.

"Não dê esmolas, dê camisinhas"

Tapar o olho não adianta, apontam os envolvidos no estudo sobre meninos e meninas em situação de rua. Pregações moralistas, apenas, também não. Então é necessário distribuir preservativos para os adolescentes em risco, já que relações sexuais eles têm igual.

“E, de preferência, com pouca burocracia”, sustenta o estudo. É comum os adolescentes relatarem que não buscam preservativos em centros de saúde porque têm de preencher formulários – grande parte não sabe escrever adequadamente – ou apresentar documentos (que muitos simplesmente não têm). Com relação à população, é sugerida uma campanha com o slogan “Não dê esmola, dê camisinha!”

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“O crack destrói o Homo sapiens”, diz médico argentino

Eduardo Kalina está preocupado com a realidade que o crack desenhou na Argentina e no Brasil.




O psiquiatra Eduardo Kalina, 71 anos, é radical ao se posicionar em relação às drogas: cobra dos pais o exemplo aos filhos e defende a abstinência total (incluindo álcool e cigarro) para os que tentam se livrar das drogas.

– O que nós chamamos de cura é quando a pessoa aprende a dizer não – ensina.

Diretor médico do Brain Center, em Buenos Aires desde 1994, Kalina está preocupado com a realidade que o crack desenhou na Argentina e no Brasil. Entende que os governos que não lutam efetivamente contra a epidemia estão permitindo um “suicídio”.

O currículo do médico é longo e retrata a experiência de uma vida inteira voltada ao tratamento e à prevenção do uso de drogas. Foi professor visitante nos Colegios Oficiales Médicos, na Espanha, no High Point Hospital, em Nova York, e no New York Hospital – Coornell University Medical College (EUA).

No Brasil, foi professor da Associação Brasileira de Psicanálise, no Rio, e das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo. Embora se recuse a falar sobre seus pacientes, Kalina é conhecido por ter tratado do jogador de futebol Diego Maradona.

Casado, pai de três filhos, o psiquiatra argentino tem vários livros publicados. Em Aos Pais de Adolescentes – Viver Sem Drogas, da editora Rosa dos Tempos, o médico usa o discurso científico como ferramenta para se aproximar de problemas cotidianos das famílias. É autor também de Drogadição Hoje – Indivíduo, Família e Sociedade, editado pela Artmed.

Confira abaixo trechos da entrevista que Kalina concedeu a Zero Hora por telefone, desde Buenos Aires:

Zero Hora – O senhor disse em entrevistas que o cérebro nunca esquece a sensação provocada pela droga, lembrando que a cura da dependência química exige uma abdicação total das drogas, incluindo o cigarro e o álcool. Não há uma cura para a dependência química?

Eduardo Kalina – A palavra cura é uma palavra que tem muitos significados. Por exemplo: uma pessoa tem um surto de apendicite. Você opera, retira o apêndice doente e aquilo curou para sempre, nunca mais vai ter apendicite porque não tem mais apêndice. Esse é um conceito de cura total, definitiva. Porém, no campo das drogas, o conceito de cura é diferente.

ZH – Como seria esse conceito?

Kalina – Não existe cura total definitiva porque o cérebro se modifica a partir da experiência com a droga, aprende uma nova linguagem, que não esquece nunca. Uma pessoa fuma 20 cigarros por dia, começa com 15 anos, quando tem 25 anos, para. Cinquenta anos depois, a pessoa tem 75 anos, passou 50 anos sem fumar, acende um cigarro e, oito, 10 segundos depois, aquela coisa que se modificou no cérebro acorda e a pessoa começa a ter necessidade de fumar. Não esqueceu nunca essa nova linguagem aprendida com a nicotina. Num futuro próximo, com a medicina genética, quando poderemos fazer modificações genéticas, provavelmente vai haver cura definitiva. Agora, o que nós chamamos de cura é quando a pessoa aprende a dizer não. Para controlar a droga, compensamos com remédios, fazendo com que o cérebro se acomode à normalidade, mas não tem garantia nenhuma. É preciso desdrogar-se. Tirar todas as drogas, porque muitas pessoas querem parar o álcool, mas seguem consumindo o tabaco. E o risco de voltar é grande.

ZH – O senhor acredita que é preciso abdicação total?

Kalina – Toda pessoa que compreende que para sair das drogas é preciso abdicar de tudo, uma parada total, incluindo álcool e tabaco, está praticamente curada. Para aquela que deseja seguir fumando e bebendo de quando em quando, o número de recaídas será muito grande.

ZH – A recuperação do crack é a mais difícil?

Kalina – Não existem duas pessoas iguais, não é possível fazer generalizações. A recuperação é difícil porque o crack provoca muitos danos, e algumas lesões são irreversíveis. Além disso, muitos usuários têm uma vida pobre, sem uma boa nutrição, não usavam muito o cérebro, então, ele estraga mais rápido. Temos um caso agora na Argentina de uma advogada, que começou a consumir já sendo uma profissional com boa posição. Ela passou mais de um ano consumindo, depois pediu ajuda e foi tratada. Eu a conheci em um programa de TV em que ela estava contando os danos que tinha sofrido. Ela conseguiu um bom nível de recuperação e agora está bem melhor porque era uma pessoa bem alimentada, com um cérebro que trabalhava, mais ativo, tinha todas as condições para sair. Muitos que começam na adolescência ou na infância não conseguem. Uma pessoa culta que tem Alzheimer demora muito mais para decair quando comparada a pessoas que não usaram muito o cérebro.

ZH – A partir de um estudo mais detalhado do cérebro é possível redimensionar a recuperação?

Kalina – Claro. Dependendo de como está lesionado o cérebro, podemos recuperar mais ou menos. Há pessoas em que estamos testando a técnica de reabilitação cognitiva. Algumas delas tiveram uma boa formação, então conseguimos muitas coisas mais rápido do que com aquele menino de rua que usa crack e fica afetado de uma forma horrível em pouco tempo.

ZH – Existe algum momento do tratamento de recuperação que é mais difícil?

Kalina – Desde a primeira etapa, quando nós temos que limpá-los, porque não conhecemos o que usaram. Não é uma substância sempre igual, preparam com um monte de porcarias. Imagine um menino de nove ou 10 anos, mal alimentado, sem escolaridade, e que começa a fumar compulsivamente. Ataca sistema respiratório, coração, artérias. Alguns deles parecem velhos. É muito difícil, é preciso medicar muito bem, ter recursos, e geralmente o governo nunca tem recursos para essas coisas.

ZH – No Rio Grande do Sul, há muitas comunidades terapêuticas independentes que colocam os usuários em atividades ligadas à agricultura, algumas delas ligadas a rituais religiosos. Elas têm algum sucesso. Como o senhor avalia esse tipo de comunidade?

Kalina – Para mim, essa é uma segunda etapa. A primeira é médica, psiquiátrica e clínica. Por exemplo, essa mulher mencionada antes (a advogada) estava com anemia, produzida pelos tóxicos. Tivemos que tratar a anemia, a hipertensão, tratamos uma série de problemas físicos e do cérebro. E, agora que ela está bem, os tratamentos sociais de recuperação, como fazendas ou comunidades, são muito importantes. Porém, é preciso primeiro um grande tratamento biológico ou ficam danos irreversíveis.

ZH – Essa segunda etapa também incluiria um atendimento psicológico, por exemplo?

Kalina – Claro. Conviver em grupo, trabalhar, tudo isso auxilia a pessoa a se ressocializar. Ao mesmo tempo, quando o paciente está muito doente, na primeira fase do tratamento, muitas vezes usamos a terapia individual para ajudar. Chamamos de “limpeza” esse período de desintoxicação. Para isso, os remédios ajudam muito. Acho um erro muito grande não tratar toda a parte biológica, que com o crack fica muito comprometida, especialmente o cérebro frontal, que é a região que permite sermos pessoas civilizadas.

ZH – O senhor poderia explicar melhor essa função do cérebro frontal?

Kalina – Quando esses meninos têm danos importantes no cérebro frontal, eles deixam de funcionar como pessoas, são como macacos. Nós tratamos com medicamentos e fazemos trabalhos cognitivos para fazer a região voltar a funcionar. Quando ela é atrofiada, a pessoa vira um gorila. Você precisa da parte frontal para pensar em Deus, ter espiritualidade, crenças, filosofia, ver o sentido da vida. Os meninos que ficam com dano nessa zona, a maioria dos que entram em crack e cocaína, viram animais. Eles matam porque gostam de um tênis que a pessoa usava. Pegam o tênis e vão embora, não importa se mataram uma pessoa que tem família, não importa nada.

ZH – O senhor está dizendo que o crack tira o sentido de civilização do homem. Ela é a droga mais devastadora nesse sentido até agora?

Kalina – Claro. O crack faz voltar o Homem de Neandertal, destroi o homo sapiens. Por isso digo: o governo que não luta contra isso está permitindo o suicídio.

ZH – O senhor tem um livro dedicado a pais de adolescentes. Que conselho daria a uma família de um jovem que convive, por exemplo, em um ambiente onde circula o crack?

Kalina – Primeiro, dar um bom exemplo. Um pai que toma um copo de vinho no jantar não está criando um filho toxicômano. Porém, um pai que está todo dia fumando e que bebe muito por qualquer explicação não pode dizer ao filho que não consuma, porque ele está consumindo. Muitas pessoas não se dão conta de que estão constantemente dando exemplo. Segundo, é importante, desde criança, ensinar o perigo que isso significa. Nos EUA, em um colégio com crianças entre sete e 12 anos, fizeram um jogo que teria como prêmio uma viagem à Disney de graça. Todos queriam participar e perguntavam: “Como é a prova?”. Disseram a eles que teriam de atravessar uma fossa com jacarés. Então ninguém quis brincar, todos responderam não, porque o jacaré devora, bate com o rabo e pode quebrar a cabeça. Então o doutor que organizou esse jogo falou: “Toda criança sabe do perigo dos jacarés. Temos de fazer o mesmo com nossos filhos, para que eles aprendam o perigo da droga”. Quando se explica à criança pequena o perigo do cigarro, ela luta para que os pais parem de fumar. Temos de fazer o mesmo com a droga, um trabalho de educação, informação e prevenção. E, além disso, controlar a presença da droga, não facilitar, não legalizar, cuidar muito, proibir a apologia à droga.

ZH – Existem algumas características recorrentes entre as pessoas que são usuárias de droga ou não se pode dizer isso?

Kalina – Sim, pode-se dizer. Quem conhece esse tema, consegue identificar aqueles que podem ir às drogas. Jovens que têm conflitos, são impulsivos ou têm uma família onde há patologia, têm muito mais facilidade de chegar às drogas. Um grupo de estudiosos americanos avaliou que se estudássemos, entre crianças e adolescentes, aqueles que têm componentes depressivos ou bipolares, seria possível prevenir muito o uso de drogas. Por isso, é preciso cuidar por fora para que a droga não chegue até a pessoa. Detectar e diagnosticar aqueles que podem usar drogas e trabalhar com eles.

ZH – Como o senhor vê o cenário brasileiro em relação ao crack?

Kalina – Em vez de esse tema ser tratado por certos profissionais, sobre ele opina Fernando Henrique Cardoso, que fala de legalizar porque o mercado controlado acabaria com o problema. Tenho o maior respeito pelo Fernando Henrique Cardoso, mas ele não tem nenhum preparo para falar sobre droga. Falam também músicos, pintores, políticos, jornalistas, e muito pouco se trabalha com profissionais da saúde. O Brasil comete os mesmos erros que a Argentina. Esse tema tem que ser tratado como uma emergência nacional.
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Comunidades pobres da periferia caxiense estão sucumbindo ao crack


Cada pedra queimada impulsiona não só o tráfico de drogas, mas furtos, arrombamentos, assaltos e assassinatos


O Rio Grande do Sul vive hoje uma epidemia de crack. São cerca de 50 mil viciados. A realidade é alarmante, mas pode piorar ainda mais. A estimativa para os próximos três anos é de que sejam 300 mil consumidores.

Considerada a pior das drogas, pela fulminante dependência que cria, a pedra à base de cocaína promove a violência e arrasa famílias, sem escolher idade, sexo ou condição social. Na fissura pelo prazer efêmero da droga, o usuário é capaz de qualquer coisa. Vende tudo o que tem, comete furtos e é capaz até de matar.

Nos PDFs ao lado, conheça como o crack está afetando a vida nas comunidades caxienses onde se concentram os pontos de tráfico, qual o perfil dos novos traficantes, a destruição dos usuários e como não cair nessa.

O crack é um caminho sem volta. O percentual de recuperação de quem busca ajuda em clínicas não passa de 3%. A única alternativa segura é não experimentar.
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Campanha - Crack, Nem Pensa




Ex-usuários de crack contam sobre os efeitos da droga

O crack é fumado e sua área de absorção são os pulmões. E o efeito é muito mais rápido e intenso. A viagem até o cérebro é praticamente instantânea.



Nos últimos dias, o Jornal Nacional tem apresentado casos dramáticos de pessoas que mergulharam no vício do crack. Nós vimos o depoimento de parentes dessas pessoas, e as queixas da dificuldade que enfrentam para internar um dependente no sistema público de saúde.

O Ministério da Saúde reconheceu as falhas, e se comprometeu a aumentar o número de leitos com investimentos de mais de R$ 100 milhões até o fim do ano que vem. No entender do Ministério, o aumento do número de viciados provocou essa necessidade.

Nesta quarta-feira, o repórter Alberto Gaspar ouviu depoimentos de quem sentiu na mente e no corpo essa dependência. E por que o crack tem esse poder tão devastador.

A imagem das ruas é bem conhecida. Histórias como a de Maria Eugenia acontecem entre quatro paredes.

“Eu ia lá dava um pega, como a gente dizia, lavava a louça, dava um pega, ia dar um banho numa das crianças, dava um pega, lavava um pouco de roupa, dava um pega lavava mais 3”,d isse a dona de casa Maria Eugênia Lara Silva.

Foram 12 anos de crack. São 4 meses sem ele, desde que ela saiu da clínica, onde agora é visitante. Uma rara unidade do SUS, destinada exclusivamente à internação de dependentes de drogas.

O cobrador de ônibus chegou há quatro dias. "Só de não estar usando já é um prazer muito maravilhoso. Mas fisicamente sente falta, porque nosso organismo pede", contou Fabiano Ribeiro da Silva, cobrador de ônibus, de 30 anos.

A psicóloga que não quer se identificar, deve ter alta logo, depois de 40 dias. "Eu ainda tenho 30% de vontade de usar e 70% de vontade hoje de ficar bem. Mas ainda penso na droga, às vezes ainda penso em usar, mas só que agora, hoje, eu quero ser mais forte do que isso e apostar na vida", disse ela.

O que está acontecendo é uma espécie de projeto piloto. Os resultados vão aparecendo, mas ainda terão que ser corretamente avaliados. Os médicos só têm uma certeza: o número de vagas é muito pequeno diante da procura.

“A gente tem 28 leitos. Hoje chegaram seis pedidos, eu tenho quatro vagas agora. Duas pessoas vão ficar de fora hoje de manhã. Quem pedir amanhã não vai ter vaga. Não dá pra nada”, disse Daniel Cruz Cordeiro, psiquiatra.

Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo rastreou o destino de 131 usuários de crack atendidos em um hospital público, nos anos 90. Depois de 12 anos, 20% não foram localizados, 33% tinham deixado a droga, 17% continuavam no crack, 10% estavam presos e 20%, mortos.

“Esse é um índice de mortalidade considerado bem elevado. Pra vocês terem uma idéia, pode ser comparado aos índices de mortalidade de dependentes de heroína, e ainda assim, comparativamente ao índice é alto”, explicou Andréa Costa Dias, coordenadora da pesquisa.

O crack é cocaína. Só que em outra forma. Cheirada em pó, a cocaína é absorvida pelas mucosas nasais, demora mais para chegar ao sangue e ao cérebro. No caso do crack, que é fumado, a área de absorção são os pulmões. E o efeito muito mais rápido e intenso. A viagem até o cérebro é praticamente instantânea.

"Apesar de as pessoas acharem que o crack é um estimulante cerebral, na verdade ele provoca um dano cerebral . Ele diminui a quantidade de sangue que chega na parte do cérebro responsável pelo pensamento, pelo planejamento, pelo controle dos impulsos”, explicou Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Unifesp.

Tudo o que essas pessoas tentam deixar pra trás. "Eu carrego essa frase comigo, aconteça o que acontecer, haja o que houver, não use”.

Fonte: Globo
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Pesquisa mostra que 90% das crianças de rua do Rio são viciadas em crack





Epidemia do crack a Violência gerada pelo vicio


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A vida do crack!

Intoxicação pelo metal

O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.
Fome e sono
O organismo passa a funcionar em função da droga. O dependente quase não come ou dorme. Ocorre um processo rápido de emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns. A dependência também se reflete em ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.
Pulmões
A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, levando a disfunções. Como já há um processo de emagrecimento, os dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose. Também há evidências de que o crack causa problemas respiratórios agudos, incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito
Coração
A liberação de dopamina faz o usuário de crack ficar mais agitado, o que leva a aumento da presença de adrenalina no organismo. A consequência é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares, como infarto, podem ocorrer
Ossos e músculos
O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.
Sistema neurológico
Oscilações de humor: o crack provoca lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos. O tratamento permite reverter parte dos danos, mas às vezes o quadro é irreversível
Prejuízo cognitivo: pode ser grave e rápido. Há casos de pacientes com seis meses de dependência que apresentavam QI equivalente a 100, dentro da média. Num teste refeito um ano depois, o QI havia baixado para 80
Doenças psiquiátricas: em razão da ação no cérebro, quadros psiquiátricos mais graves também podem ocorrer, com psicoses, paranoia, alucinações e delírios
Sexo
O desejo sexual diminui. Os homens têm dificuldade para conseguir ereção.
Há pesquisas que associam o uso do crack à maior suscetibilidade a doenças sexualmente transmissíveis, em razão do comportamento promíscuo que os usuários adotam
Morte
Pacientes podem morrer de doenças cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas ao enfraquecimento do organismo (tuberculose).
A causa mais comum de óbito é a exposição à violência e a situações de perigo, por causa do envolvimento com traficantes, por exemplo.

Quais são as reacções do crack? O que ele provoca no organismo?

O crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.
Estudiosos como o farmacologista Dr. F. Varella de Carvalho asseguram que "todo usuário de crack é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração no sistema nervoso central.


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Efeitos colaterais do uso do crack

Ao mesmo tempo que cria uma sensação de alegria no usuário, o crack também deixa muitos efeitos significativos e potencialmente perigosos no corpo. As pessoas que o utilizam mesmo poucas vezes correm riscos de sofrer infarto, derrame, problemas respiratórios e problemas mentais sérios.

Ao percorrer a corrente sangüínea, o crack primeiro deixa o usuário se sentindo energizado, mais alerta e mais sensível aos estímulos da visão, da audição e do tato. O ritmo cardíaco aumenta, as pupilas se dilatam e a pressão sangüínea e a temperatura sobem. O usuário pode começar, então, a sentir-se inquieto, ansioso e/ou irritado. Em grandes quantidades, o crack pode deixar a pessoa extremamente agressiva, paranóica e/ou fora da realidade.

Devido aos efeitos no ritmo cardíaco e na respiração, o crack pode causar problemas cardíacos, parada respiratória, derrames ou infartos. Ele também pode afetar o trato digestivo, causando náusea, dor abdominal e perda de apetite.

Se o crack for inalado com álcool, as duas substâncias podem se combinar no fígado e produzir uma substância química chamada cocaetileno. Essa substância tóxica e potencialmente fatal produz um barato mais intenso que o crack sozinho, mas também aumenta ainda mais o ritmo cardíaco e a pressão arterial, levando a resultados letais.

Filhos do crack - mito ou realidade?
Em meados dos anos 80, quando o crack era um problema de saúde pública crescente, um outro problema relacionado surgiu: os chamados "filhos do crack". Em 1985, a Dra. Isa Chasnoff escreveu um artigo no New England Journal of Medicine (sitem em inglês) afirmando que os bebês expostos ao crack quando estavam no útero desenvolviam deficiências cognitivas permanentes. Logo, as imagens dos filhos do crack estavam em todos os meios de comunicação. Eles se tornaram agentes simbólicos da luta contra as drogas.

Desde então, muitos pesquisadores têm contestado a idéia dos filhos do crack. Um estudo realizado em 2004 pela Society for Research in Child Development (site em inglês) descobriu que a exposição à cocaína no período pré-natal não tinha afetado o desenvolvimento de uma criança com dois anos e sugeria que os efeitos nocivos descobertos previamente em bebês expostos à cocaína podem ter tido mais relação com cuidados pós-parto do que com a exposição à droga no útero.

Mas, apesar das descobertas recentes, os médicos concordam que o consumo de crack durante a gravidez é extremamente prejudicial. Bebês que são expostos ao crack ainda no útero geralmente nascem prematuros e são menores que os outros bebês. A exposição ao crack também pode contribuir para os atrasos no desenvolvimento cognitivo.